À descoberta do Sul da Índia, uma viagem na mítica moto Royal Enfield, pelos estados do Kerala e Karnataka, entre 6 e 21 de Março de 2010. Partindo de Kochi rumo a Goa, por estradas junto à costa e incursões pelos Ghats Ocidentais, vamos conhecer as gentes, os mosteiros e templos, admirar as paisagens, visitar reservas naturais .... enfim, juntar dois amores: Viajar e andar de moto.

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Goa é Goa

Sexta-feira, dia 19 de Março de 2010 (Fim da Viagem)

Goa é Goa. Nem parece a Índia que estamos habituados. É Goa, outro mundo. Assim que passamos a fronteira do estado, tudo mudou. A estrada tem um piso de alcatrão recente, linhas brancas bem marcadas, as vacas desapareceram, os rickshaws também. O trânsito é intenso mas normal, civilizado. Vamos descobrir Goa.

A estrada interior para Palolem é das mais bonitas que fizemos até agora. Parece uma estrada das histórias de fadas, verde lindo, espaços abertos cultivados emoldurados de coqueiros, curvas suaves que acompanham braços de rio e o mar, cheiro a especiarias. O sol desenha um fantástico rendilhado na estrada através dos frondosos ramos das árvores. Casas pequenas, cuidadas, pintadas de cores vivas, alpendres, vãos de telhados desencontrados, muros brancos. Rolar nesta estrada é como estar num concerto de música clássica, sentidos despertos, emoções da natureza. As praias na costa de Palolem apetecem mudar de vida, largar a civilização e sentar na areia branca, à sombra dos coqueiros a olhar o mar infinito.

A estrada interior de Margão é uma excelente alternativa à nacional 17. Trânsito suave, moderado, ambiente rural. Uns quilómetros antes de Panjim fica Velha Goa, um museu a céu aberto, um desfile de igrejas que o império construiu, locais de culto cristão que ainda mantêm umas réstias do esplendor de outrora. Uma pequena vila transformada numa correnteza de lojas, turistas, parques de estacionamento, pedintes e vendedores de rua. A Sé catedral, a Basílica do Bom Jesus, a Igreja de S. Francisco de Assis ou as ruínas da Igreja de S. Agostinho dispersam as atenções dos turistas e esgotam as máquinas fotográficas.

Panjim è uma cidade aninhada na foz do rio Mandovi. A marginal ao longo do rio é o ponto de referência para nos orientarmos nas pequenas ruas e becos com nomes de personalidades portuguesas de outro século. As casas, de traça colonial, com varandas franjadas, recuperadas ou semi-destruídas lá estão a marcar uma época em que se falava português. Os mais velhos falam a língua com orgulho, contam sobre os familiares que vivem no continente, perguntam de onde somos, dizem-nos o que visitar na cidade.

Por todo o lado se vêm lojas com nomes “da Silva”, “Sousa”, “Sequeira”, a Confeitaria Italiana é a sede do núcleo sportinguista de Goa, o restaurante do Ernesto e do Vasco, dois irmãos com remota ascendência lusa são uma referência de simpatia e hospitalidade, dão indicações sobre a cidade, contam os costumes, é o ponto de encontro para matar saudades de um bom bife e de comida sem picante.

Distância: 183 Km
Percurso: Gokanna – Ankola – Karwar – Palolem Beach – Maogoa - Panaji



















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6 comentários:

  1. Gostei de ouvir dizer que Goa é uma terra magnífica de gente simpática, com uma fantástica herança cultural e arquitetónica produzida nos tempos do E.I.P e com boas vias de comunicação, uma jóia dentro da União Indiana.Parabéns aos motoqueiros incansáveis pelas informações transmitidas sobre a Índia. Felicidades para todos. Pereira

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  2. Tenho adorado seguir a vossa aventura! As fotos, e principalmente a crónica, leva-nos quase até ao pé de vocês! Obrigado e resto de boa viagem :-)

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  3. Sempre tive a ilusão de Goa até porque trabalhei com uns quantos Goeses. Gente do melhor! Gostei de ver todas essas minhas ilusões aqui confirmadas!

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  4. Espectacular viagem. Deve ter sido de sonho. Está muito bem escrita. Gostei muito de ler. Parabéns.

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  5. Obrigado Paula pela simpática e bem escrita crónica "Goa é Goa"
    Felicidades!
    Um goês

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  6. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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